Histórias, informações e curiosidades. A coleção Meu avô, publicada pela Panda Books, apresenta origens de diferentes grupos que imigraram ao Brasil e retrata a importância de conhecer e cultivar suas culturas. A coleção integra o acervo do espaço “Semear Leitores”, uma iniciativa da Fundação Bunge dentro no Museu da Imigração (MI), em São Paulo. O espaço foi inaugurado em novembro de 2019 e incentiva crianças a lerem sobre o tema.
Estudar as histórias dos imigrantes é importante para as crianças conhecerem melhor a si mesmas e a sociedade em que vivem. “Desenvolve várias camadas de percepção: quem sou eu, quem é a minha família, meu amigo da escola e o que é o país onde estou”, explica Isabela Maia, educadora do MI. Ela acrescenta que esse conhecimento também traz questionamentos sobre quem são as pessoas que imigraram, as que imigram hoje e como a acolhida no meu país se transforma com o tempo.
A cultura é dinâmica. Quando um grupo chega a determinado lugar, ele acrescenta modos de ver o mundo, palavras, comidas e costumes. Segundo Isabela, esse fato faz tradições serem reinterpretadas e tem reflexos nas expressões das crianças, pois elas enxergam o mundo de uma maneira própria. “Quando ensinamos brincadeiras ou palavras novas, elas reinterpretam isso e reinserem na sociedade de formas inesperadas”, explica.
Isabela conta que é possível conhecer a história da própria família conversando com pessoas mais velhas, como os avós. Eles podem revelar nomes, histórias, costumes, datas de nascimento e chegada ao Brasil de antepassados. Dá para montar uma árvore genealógica enquanto se aprende sobre a vida dos familiares.
O MI ocupa o prédio da antiga Hospedaria do Brás, que entre 1887 e 1978 recebeu cerca de 2,5 milhões de pessoas estrangeiras e de outras regiões do Brasil. Além da hospedagem, esse público teve auxílio para encontrar emprego e pôde contar com a estrutura do local, que ia desde lavanderia e correios à assistência médica e odontológica. O Museu surgiu em 1993, e, só no ano passado, foi visitado por cerca de 31 mil crianças. Apesar de estar fechado para visitas, o MI continua em atividade, oferecendo materiais educativos e contações de histórias em suas redes sociais. “O site do museu tem muita coisa – fotografias, mapas, informações sobre os objetos do acervo e os documentos dos imigrantes digitalizados, transformados em bancos de dados”.