Colocar uma criança para dormir costuma ser tarefa difícil. Não para a professora Gabriela Amalfi, mãe de duas crianças, um menino de três anos e uma menina de seis meses. Ela ensina ioga, e conta que fez seus filhos se envolverem pela prática desde a gravidez. “Eles são muito tranquilos, nunca me deram trabalho na hora de ir para a cama”, afirma. A história de Gabriela tem tudo a ver com o mais recente lançamento da Panda Books: Boa noite com ioga.
Escrito pela americana Lorena Pajalunga, o novo livro conta a aventura de um casal de irmãos que decide passar a noite em claro, brincando. Os dois são interrompidos pelos bichinhos de pelúcia, que se juntam para ensinar posturas de hata-ioga, exercícios físicos tradicionais dessa prática oriental. O leão vai apresentar a postura da Montanha, a girafa mostrará a posição do Tridente, e o panda fará a meia postura do Sábio Matsyendra. Cada brinquedo revela o passo a passo bem detalhado de posições que deixam o corpo e a mente relaxados para dormir.
Além das conhecidas posturas, a ioga envolve técnicas de respiração (pranayamas) e o ensinamento de valores éticos. Gabriela explica que fazer os exercícios antes de dormir pode ser bom tanto para crianças quanto para adultos: “Praticar no fim do dia é benéfico para acalmar o corpo e a mente, garantindo boa noite de sono”.
Para ensinar crianças, a professora também relaciona bichos com as posturas realizadas nos exercícios físicos. Ela conta que há registros de ioga anteriores a Cristo, e, desde os primórdios, as atividades foram inspiradas por movimentos da natureza. “Acredita-se que os primeiros praticantes viam como os animais se mexiam e tentavam movimentar o próprio corpo de uma forma semelhante”, explica.
Há três anos, Gabriela atuou na ONG Gaia +, idealizada pelos irmãos João Paulo e Eduardo dos Santos Pacifico. Lá, fez um trabalho voluntário para crianças que vivem em vulnerabilidade social. Tanto a professora quanto Eduardo afirmam que a ioga foi um sucesso entre os alunos. Quando engravidou, Gabriela saiu para se dedicar ao filho. Ela trabalhava com crianças de 6 a 10 anos, e desde então pôde ver como elas se ligam facilmente à atividade. “Os adultos perdem a natureza pura, espontânea, e a ioga ajuda a resgatar isso”, diz. “Na infância, ajuda a criança manter essa característica”.
Eduardo, que além de fundador da Gaia +, é educador, conta que praticou ioga entre a adolescência e o início da fase adulta. Segundo ele, ensinar para as crianças que atenderia no projeto foi um desejo natural. Elas logo se identificaram com a prática e puderam desfrutar dos mesmos benefícios que o executivo teve quando mais novo. “Por ser uma atividade física e mental ao mesmo tempo, a ioga traz o autoconhecimento, e a consciência de que é importante se cuidar”.