Um dos principais projetos da escola de Jornalismo ÉNois, criada em 2009, é o Prato Firmeza, coletânea com histórias e dicas de lugares para comer nas regiões mais afastadas do centro da capital paulista. A série de guias acaba de ganhar seu terceiro volume, lançado pela editora Panda Books.
Desta vez, o enfoque é em atividades culturais e de lazer nas “quebradas”, em adição às recomendações de restaurantes e lanchonetes. Dividido em seis capítulos regionais (Sul, Oeste, Leste, Norte, Noroeste e Região Metropolitana), o livro revela espaços multiculturais espalhados por toda a cidade, desde uma barraca de pastel que virou ponto de encontro para batalhas de MC’s até uma hamburgueria com um cinema e cursos da sétima arte integrados.
O Panda News conversou com Gustavo Revaneio e Vitória Guilhermina, estudantes da ÉNois e repórteres do projeto, sobre a importância do projeto para a inclusão cultural da periferia:
PANDA NEWS: Como o Prato Firmeza potencializa a culinária e a cultura da periferia?
GUSTAVO REVANEIO: É importante para o empreendedor ver seu trabalho sendo reconhecido. Como no terceiro volume procuramos focar mais em opções de lazer, vimos que existe uma conexão entre a comida e a cultura sensorial das regiões.
PN: O Prato Firmeza desmistifica a imagem que o público tem da periferia?
GR: Com toda certeza! Muitas pessoas associam a periferia a um bairro dormitório, sem movimentação cultural, então é importante não só para as pessoas de fora desmistificarem a periferia, mas para os próprios moradores.
Vitória Guilhermina: Falamos de lazer e de cultura de uma forma que atinge a periferia e também quem mora fora, provando que lá não tem só violência. Uma coisa importante que tenho percebido nesse período de divulgação é que mostramos para as pessoas da periferia que elas têm sim opções de lazer em seus bairros, e não só fora deles.
PN: Olhando o terceiro volume, que história chamou mais atenção?
GR: A matéria que mais me marcou foi uma sobre sarau e açaí. É um coletivo LGBT que se considera uma família, e age como tal! O livro, além de tudo, me ajudou a ressignificar várias coisas, como o próprio conceito de família. Sendo um homem trans, me senti muito representado ao fazer essa matéria e divulgar essas pessoas.
VG: Uma que mexeu profundamente comigo foi a Pastelaryka. Achei incrível como um casal de amigas LGBT disse que um dos locais onde se sentem mais seguras é uma pastelaria evangélica, cheia de cultos e celebrações. Foi fascinante pensar nessa espécie de contradição (que na verdade não deveria ser uma contradição!), e depois de fazer a matéria fiquei refletindo sobre muitas coisas da nossa sociedade.