A primeira edição de “Jogo sujo” foi lançada em 1996 pela prestigiosa Coleção Vaga-Lume, da Editora Ática. O time do Dínamo se classifica para a final do Campeonato Brasileiro, mas seu artilheiro desaparece misteriosamente logo depois da partida. “Onde estará Zuba?”, perguntam torcedores, dirigentes, jornalistas e familiares. O sonho de conquistar a taça vira um pesadelo para os companheiros de equipe. Até que uma jovem repórter descobre uma pista e resolve investigar o caso por conta própria. A trama, escrita pelo jornalista Marcelo Duarte, ganha agora uma edição revista e atualizada pela Panda Books. Vale lembrar que o autor tem muita intimidade com os bastidores do futebol. Dirigiu a revista Placar e apresentou o programa “Loucos por futebol”, da ESPN-Brasil, por 12 anos. Cobriu também quatro Copas do Mundo. Confira o bate-bola que o Panda News fez com ele:
Como foi publicar seu primeiro romance pela coleção Vaga-Lume?
Na quarta série, minha primeira leitura autônoma foi “O caso da borboleta Atíria”, de Lúcia Machado de Almeida, que também escreveu “O escaravelho do diabo”, que li no ano seguinte. Adorei os dois. Mas o autor que me marcaria de verdade foi Marcos Rey. Meu sonho de adolescência era escrever aventuras iguais às dele. Aos 16 anos. li “O mistério do cinco estrelas” e foi amor à primeira vista. Depois vieram na sequência “O rapto do garoto de ouro” e “Um cadáver ouve rádio”. Não parei mais. Lia cada livro pelo menos duas vezes. A primeira para curtir o suspense e a segunda para estudar a trama, os personagens, as pistas. Em 1996, depois de já ter publicado “O guia dos curiosos”, consegui realizar o sonho de publicar meu primeiro livro pela Vaga-Lume (embora, ao mesmo tempo, tenha descoberto que jamais escreveria como meu mestre).
Há alguma mudança entre a história de 1996 e a edição de 2020?
A trama é exatamente a mesma. Só atualizei o cenário. Em 1996, por exemplo, o celular e o computador ainda não faziam parte de nossa realidade. Imagine que os personagens usavam telefones fixos e orelhões para se comunicar. A internet também mudou o jeito de acompanhar o futebol. Teria que colocar notas de rodapé para explicar o que são ficha telefônica, toca-fitas e locadora de vídeo… Por isso, resolvi incluir as “modernidades” na nova edição. “Jogo sujo”, agora publicada pela Panda Books, ganhou também um novo projeto gráfico, e uma nova capa e novas ilustrações, assinadas por Leblu.
O livro fala dos bastidores de um campeonato de futebol. Mas, ao pensar na história, a sua ideia era falar de vôlei?
Sim. Na primeira versão do livro, Zuba, o personagem principal, era um jogador de vôlei. Quando apresentei o original para Carmen Lúcia Campos, então editora assistente da Vaga-Lume, ela disse que seria melhor mudar o esporte, pois havia acabado de sair um livro com a mesma temática, “Vencer ou vencer”, escrito por Raul Drewnick. Segui o conselho dela e Zuba virou um craque de futebol.
O título que você imaginou para o livro era outro?
Era outro, sim. Conto essa história na orelha da nova edição. O título que eu havia escolhido foi “O mistério do camisa 9”, mas, aos 45 minutos do segundo tempo, o editor Fernando Paixão sugeriu “Jogo sujo” e assim ficou.
Por causa do “Jogo sujo”, o personagem Zuba virou um talismã seu?
Exatamente. Peguei o apelido emprestado de um jornalista que trabalhou comigo na redação da revista Placar na década de 1980. “Jogo sujo” me deu tanta sorte que, em todos os seis romances infantojuvenis que vieram depois, eu dou sempre um jeito de citar o Zuba em algum momento da história.