A pediatra Fernanda Ribeiro indica livros para crianças que ainda não aprenderam a falar e até para as que ainda não nasceram. Intensivista de formação, especializada em aleitamento materno e nutrologia pediátrica, área que estuda os benefícios e malefícios causados pelos nutrientes, ela também desenvolve um trabalho no Instagram, onde divulga informações para pais e cuidadores sobre medidas relacionadas à saúde dos pequenos. “Procuro construir um vínculo maior com as pessoas que são assistidas por mim”.
Seu primeiro post com recomendação de leitura apresentou Tudo bem ser diferente, de Todd Parr, publicado no Brasil pela Panda Books. Foi quando a equipe da editora conheceu o trabalho de Fernanda. “Se educarmos as crianças para a diversidade, teremos uma sociedade mais inclusiva no futuro!”, ela escreveu na postagem.
Panda News – Por que a leitura é importante quando a criança ainda nem aprendeu a falar?
Fernanda Ribeiro – A leitura é fundamental para o desenvolvimento das crianças, porque elas aprendem a falar a partir da escuta de diálogos e de histórias no dia a dia. Minha filha irá fazer sete anos, e eu e meu marido lemos para ela desde a gestação. Ele leu até a Ilíada quando a Gabriela estava na minha barriga. Depois, quando ela nasceu, desenvolvemos o hábito de ler todas as noites. Isso influenciou principalmente no vocabulário, nas habilidades de fala, comunicação e socialização. Além de a leitura ser um momento de lazer em família, ela desenvolve um vínculo muito grande entre a criança e quem lê para ela. Minha filha foi alfabetizada, mas esse contato não se quebrou e ela ainda demanda o ritual de lermos juntos.
Você também indica livros nas consultas?
Houve uma campanha da Sociedade Brasileira de Pediatria chamada “Receite um livro”. Ela incentivava os pediatras a mobilizarem pais e cuidadores para lerem com os filhos. Eu continuo sugerindo livros, principalmente nos períodos em que os pais estão mais abertos. Por exemplo, nas consultas de pré-natal, tudo o que eu indicar para as mães, elas leem, por terem mais tempo, disponibilidade e procurarem informação. Outra oportunidade aparece quando a criança está perto da aquisição da fala (entre um ano e meio e dois anos e meio), porque os pais ficam muito ansiosos pelas primeiras palavras. Isso também ocorre na alfabetização. O Tudo bem ser diferente pode ser importante nesse processo. É um dos livros que marcou minha filha, e o primeiro que eu indiquei no Instagram. A leitura é acessível e ele promove uma educação inclusiva, possibilitando aos pais passar valores de igualdade para os filhos. E as cores do livro são chamativas, as figuras e informações muito próximas das crianças. Isso tudo aproxima o livro do universo infantil.
Como é a relação da Gabriela com o Tudo bem ser diferente?
Nós lemos muito esse livro para ela! O Carlos, meu marido, é educador, e vemos até com nossas visões profissionais a diferença que faz no desenvolvimento dela, na percepção das diferenças e limitações das pessoas. Às vezes, ela mesma diz: “tudo bem ser assim, né, mamãe?”. Tudo bem, Gabi!