A Panda Books abriu sua nova coleção de Clássicos em Língua Estrangeira com um dos títulos mais controversos e interessantes do século XIX: “O Retrato de Dorian Gray”, do irlandês Oscar Wilde. O texto de 1890 ganhou nova tradução do jornalista, crítico e tradutor José Geraldo Couto e conta também com os já consagrados e divertidos comentários e notas da jornalista, escritora e pesquisadora Fátima Mesquita. A pedido do Panda News, Fátima fez uma apresentação da edição:
“O cenário é a Inglaterra Vitoriana do século XIX e a trama gira em torno de Dorian, um narciso que se encantou com a própria imagem e ansiou pela eterna juventude, milagrosamente ou amaldiçoadamente a conseguindo. Hedonista, Dorian vivia pelos prazeres da vida, degradando-se moralmente com o decorrer do tempo.
“O prefácio da obra é uma digressão de Wilde acerca da arte, do artista e da utilidade de ambos, encerrado com a conclusão: “A arte é perfeitamente inútil”. O movimento esteticista da época, crítico ao utilitarismo da Revolução Industrial, por vezes interpretou essa busca do belo e da felicidade como verdades absolutas, enquanto o desenvolvimento da trama se assemelha mais a um aviso de cautela a esse modo de vida. As discussões presentes na obra permanecem atuais e relevantes, numa sociedade de vidas perfeitas no Instagram e trabalhos alienantes da realidade: o culto extremo à beleza e à imagem, as consequências de uma vida centrada nos prazeres ou em sua ausência.
“A obra e seu autor foram alvo de diversas polêmicas. O que mais me atrai no Oscar Wilde é a ousadia. Dá pra imaginar como ele arrasava onde quer que fosse? E ele era esse abusado e amostrado dentro e fora, né, porque se vestia e se comportava e escrevia e conversava e vivia na boca do abismo, de verdade e com intensidade máxima. E ele tinha essa coisa quase mágica de não ficar dourando pílulas, mas ao mesmo tempo se expressar sempre como uma purpurina ambulante.”