A Panda Books convidou sete autores para um desafio de fim de ano: escrever um conto de Natal coletivo. Cada um teve apenas um dia para criar um parágrafo da história. Com essa parte pronta, cada escritor foi responsável por um final feliz diferente, também no prazo de 24 horas. A história se transformou em um livro, oferecido gratuitamente para nossos leitores. Ele está disponível para download no site www.pandabooks.com.br. O Panda News conversou com os sete autores – Caio Tozzi, Carmen Lucia Campos, Henrique Sitchin, Manuel Filho, Marcelo Duarte, Penélope Martins e Shirley Souza – sobre a participação nessa brincadeira.
Penélope gostou tanto do convite, que confirmou presença rapidamente – já com sua parte pronta. Assim como ela, Shirley Souza conta que se divertiu com a ideia: “Mas logo depois de aceitar, me deu um frio na barriga”, lembra. Quando parou para escrever, o parágrafo saiu fácil e deixou Shirley curiosa para saber que rumo a história tomaria. Henrique Sitchin lembrou do telefone sem fio da infância e de um exercício que propunha em uma oficina de dramaturgia para o teatro: “Cada participante fazia uma parte da história e, depois, nos juntávamos para criarmos os elos dos diversos trechos”.
Marcelo foi o responsável por começar: “Estava me perguntando aqui em casa como seria a noite de Natal este ano sem beijos e abraços e logo me veio a imagem de Papai Noel não podendo sair do Polo Norte por causa da idade”, lembra. Durante a escrita, cada autor acrescentou elementos novos, deixando em aberto aos próximos o que aconteceria com a novidade. Caio Tozzi se deparou com um cachorro durante a história: “Um personagem ótimo!”. Então, criou um amigo para ele – assim, surgiu mais um personagem. Henrique teve uma ideia ao mexer no próprio bolso e pegar o smartphone: “Fiquei pensando como seria um celular mágico, um dispositivo com alguma função fantástica, algo muito além dos aparelhos que nós usamos”. A ideia se unia à necessidade de comunicação à distância por causa da pandemia.
“Gostei de usar a engenhoca do Henrique no meu final”, lembra Carmen Lucia Campos. O parágrafo dela se relaciona com o de Manuel Filho. Nas duas partes, a autora buscou acrescentar magia. Para Manuel foi diferente, pois crítica social é um aspecto marcante em sua obra. “Não consigo sentar para escrever uma coisa em que não apareça o meu envolvimento com o mundo”, afirma o autor. Com características diferentes, os autores prepararam o caminho para a trama natalina.
O final
Perguntados como foi criar um final feliz em um conto feito por sete pessoas diferentes, cada autor trouxe uma história nova. Colocamos os relatos abaixo.
Caio Tozzi: “Quando vou escrever minhas histórias, planejo os acontecimentos, as viradas e tudo mais. Mas a proposta da Panda tinha o sabor da surpresa – inclusive porque tínhamos um prazo curto para fazer nossa parte. Tive que ler e reler toda a história e pensar em todos os elementos que os meus colegas colocaram desde a primeira parte e, de repente, utilizá-los no meu encerramento, de uma forma coerente com a trama construída. Foi divertidíssimo! E o mais bonito, neste momento que estamos vivendo, é poder imaginar que teremos, sim, um belo final feliz para breve”.
Carmen Lucia Campos: “Havia muitos elementos que surgiram ao longo da história, mas eu encontrei um especial para transformá-lo no agente da magia que se deu naquela noite de Natal. Queria um desfecho leve e, de certa forma, surpreendente, que resgatasse o espírito natalino e representasse uma mensagem de esperança”.
Henrique Sitchin: “Um dos grandes desafios é tentar ser coerente com tudo o que já foi escrito. Então, há que se provocar a criatividade, mas sem deixar de lado a coerência com as demais ideias. É um exercício delicioso. Assim que recebi os textos dos colegas, minha cabeça não parou mais de funcionar até que eu enviasse a minha parte. A cabeça se embaralha toda e a gente passa o resto do dia tentando desfazer os nós para organizar tudo e entregar um bom texto. Isso é tão bom! Deixa-nos em ‘estado produtivo’, que é essencial. Agora estou curioso, roendo as unhas de ansiedade para ler todos os finais”.
Manuel Filho: “Não me deu nenhum nó na cabeça. Eu li a história toda. Como era livre, pude fazer como achei melhor. Foi tranquilo e gostoso de escrever”.
Marcelo Duarte: “Fui dormir pensando em como amarrar tudo aquilo com o final que eu tinha imaginado. Quem disse que eu dormi? Tive insônia e resolvi ir para o computador e terminar de escrever o conto de Natal em plena madrugada. O resultado ficou bem divertido”.
Penélope Martins: Eu me diverti somando imaginários e tentei dar um final surpreendente com todos os elementos trazidos pela turma.
Shirley Souza: “Vi o trecho criado pelo Henrique e fiquei pensando que missão seria capaz de transformar tudo, de levar o acalento e a proteção a todos, de devolver o brilho do Natal até para quem não tem um teto sobre sua cabeça. Eu tinha um dia inteiro de trabalho pela frente e não consegui me concentrar em nada. Só ficava pensando no que Noel faria. Depois de horas com isso formigando dentro de mim, a ideia veio forte. Ninguém precisaria se arriscar, se expor ao vírus e, ainda assim, seria poderoso. Não teria como ignorar, tampouco não assumir que algo muito especial estaria acontecendo. O nó se desfez. Fui escrever e o final nasceu. Espero que nossa história aqueça os corações de todos que a receberem neste Natal”.