Meninos Malabares

Trabalho infantil não é brincadeira

Livro-reportagem apresenta a história de crianças sob uma nova face do trabalho na infância

 

Nos faróis, nos cemitérios, nas lanchonetes e nas plantações encontramos crianças e jovens que tentam sobreviver ganhando seu próprio dinheiro, seja para garantir o alimento do dia ou para ajudar a família. Visando humanizar uma das mais graves violações de direitos contra crianças e adolescentes, os jornalistas Bruna Ribeiro e Tiago Queiroz Luciano (fotos) apresentam em Meninos malabares – Retratos do trabalho infantil no Brasil dez histórias reais que retratam a vida daqueles que não tiveram outra opção além do trabalho na infância.

Conheça a história dos meninos malabares que equilibram cones e tochas de fogo em um desenho nas alturas, dos adolescentes que limpam túmulos nos cemitérios de São Paulo em busca de uns trocados, de um menino de oito anos que trabalha em uma plantação de palmitos, e como uma família de bolivianos conseguiu se libertar da escravidão em uma oficina de costura. As fotos que acompanham cada uma das histórias emocionam e escancaram a situação vivida pelas crianças.

A obra traz relatos sobre trabalho infantil na praia, na feira, na lanchonete, no Carnaval, além da mendicância durante a crise causada pela pandemia de Covid-19, seguida de uma verdadeira pandemia da fome. Os autores apresentam também a trajetória de uma família que, com muito esforço, conseguiu romper o ciclo da exploração. Os relatos revelam o trabalho infantil como consequência de um problema estrutural, exigindo políticas públicas intersetoriais que respondam às mazelas de um dos países mais desiguais do mundo. Ao final do livro os autores apresentam números, dados e contextualizações que podem contribuir para uma reflexão mais aprofundada sobre o assunto, com perspectiva histórica, jurídica, cultural e social.

O QUE É TRABALHO INFANTIL?

“Trabalho infantil é toda forma de trabalho realizado por crianças e adolescentes abaixo da idade mínima permitida pela legislação de cada país. No Brasil, é proibido para menores de dezesseis anos, mas se for noturno, perigoso ou insalubre, a proibição se estende aos dezoito anos. Na condição de aprendiz, a lei permite o trabalho protegido a partir de quatorze anos. Entre as causas do trabalho infantil estão a desigualdade social, o racismo estrutural e questões culturais. Como consequência, a violação expõe as crianças a violências físicas, psicológicas e sexuais, além de prejudicar a aprendizagem e causar evasão escolar, perpetuando a reprodução do ciclo da pobreza nas famílias.”

OS AUTORES

BRUNA RIBEIRO é graduada em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo e pós-graduada em di-reito internacional na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com extensão na Academia de Direito Internacional de Haia, na Holanda, aprofundando seu trabalho como repórter na área de educação e direitos humanos. Em 2015, depois de passar pelas redações do Jornal da Tarde, de O Estado de S. Paulo e da revista Veja São Paulo, lançou um blog sobre direitos de crianças e adolescentes no Estadão, que continua ativo. No ano seguinte, ingressou no projeto Criança Livre de Trabalho Infantil, da Cidade Escola Aprendiz, no qual atua como gestora. Em 2021 recebeu o prêmio Jornalista Amigo da Criança.

TIAGO QUEIROZ LUCIANO é formado em jornalismo pela PUC-SP e trabalha como repórter fotográfico no jornal O Estado de S. Paulo há quase vinte anos, onde desenvolve as mais diversas pautas para as várias editorias do periódico. Tem especial predileção por reportagens de personagens anônimos da cidade. Pautas que, muitas vezes, estão invisíveis nas chamadas dos principais noticiários. Em grandes coberturas, teve a oportunidade de fotografar tais anônimos, como no terremoto que devastou o Haiti, junto com o repórter João Paulo Charleaux, e em uma viagem pela Amazônia, onde refiz o trecho final de uma expedição centenária de Euclides da Cunha pelos limites entre Brasil e Peru, acompanhado pelo saudoso editor Daniel Piza. A viagem resultou no livro Amazônia de Euclides, publicado em 2010. Em 2020, ganhou o 37º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo.

TRECHOS

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