Clássico de Machado de Assis ganha nova edição na coleção “Clássicos da Língua Portuguesa”
“O alienista”, de Machado de Assis, tem 141 anos e dezenas de edições e adaptações. Na coleção “Clássicos da Língua Portuguesa”, porém, ele é envelopado de uma maneira especial: com notas informativas, ilustrações e infográficos que ajudam o leitor a entender o texto de Machado de Assis de acordo com o contexto da época e também a dimensão que a obra tem na história da literatura brasileira.
A seguir, 10 curiosidades sobre um dos grandes clássicos do maior escritor brasileiro da história. O quarto de Machado de Assis na coleção da Panda Books:
1. A profissão de “alienista”, que dá origem ao nome do livro, equivale ao que hoje se chama de psiquiatra. O alienista de Machado de Assis é o dr. Simão Bacamarte, que abre um manicômio, mas acaba se tornando uma das vítimas dos cada vez mais arbitrários conceitos de “loucura” que se desenvolvem ao longo da obra.
2. O conto se passa em uma cidade real: Itaguaí fica na região metropolitana do Rio de Janeiro, a cerca de 70 quilômetros da capital fluminense. A cidade tem 130 mil habitantes. A Biblioteca Municipal de Itaguaí, instalada num pequeno castelo erguido na estação ferroviária da cidade, leva o nome de Machado de Assis. A biblioteca veio um ano antes do que “O alienista”: 1880. O escritor admirava bastante o então Imperador do Brasil, D. Pedro II, que foi fiador da inauguração da biblioteca, embora o batismo do local só tenha se dado no ano de 2000.
3. “O alienista”, publicado pela primeira vez em 1881, não por acaso apresenta ganchos irresistíveis ao final de cada capítulo. Na época, o texto foi publicado capítulo a capítulo ao longo de várias edições do jornal carioca “A Estação”, entre outubro de 1881 e março de 1882. Era preciso, então, prender a atenção do leitor para deixá-lo à espera das próximas atualizações da história.
4. Em 1948, a Imprensa Nacional publicou uma edição deste clássico ilustrada por Candido Portinari, um dos maiores pintores brasileiros. Foram 37 ilustrações para dar o tom da abordagem original que Machado fez para as reflexões acerca da loucura.
5. Machado de Assis foi o fundador da Academia Brasileira de Letras. Ao longo de sua carreira, ficou marcado como um escritor versátil, que mostrou talento para produzir em diversas frentes: livros, romances, contos, peças teatrais, poesias e por aí vai… Tanto assim que nem é tão simples definir se “O alienista” é um conto, por causa do estilo, ou uma novela, como sugere a sua extensão e os seus ganchos entre os capítulos.
6. Nesta versão de “O alienista”, a Panda Books apresenta ao longo de toda a narrativa as notas informativas de Fátima Mesquita, que explica e contextualiza os eventos históricos, as expressões e os costumes retratados no livro. Traz também as ilustrações de oito profissionais: Camila Matos, Evandro Marenda, Kin Noise, Leblu, Leticia Vieira, Loro Verz, Marcelo Anche e Marina Hauer.
7. “O alienista” inspirou diversas adaptações ao longo das últimas décadas. Uma delas foi a “graphic novel” de Fabio Moon e Gabriel Bá, que faturou o Prêmio Jabuti na categoria “Livro didático ou paradidático do ensino fundamental e médio”.
8. As adaptações de “O alienista” extrapolam a literatura: na música, a obra inspirou uma canção homônima da banda Detonautas; na TV, o livro foi adaptado para o programa “Caso Especial”, da TV Globo, em 1993. Marco Nanini interpretou o doutor Simão Bacamarte.
9. Machado de Assis não conseguiu realizar o sonho de conhecer a Europa, mas “O alienista” recebeu traduções para o inglês, o espanhol e o italiano. A obra também foi adaptada, junto de outros contos de Machado de Assis, para o chinês.
10. Dois anos antes de “O alienista”, Machado de Assis escreveu um ensaio no qual disse que “o realismo (movimento artístico baseado na representação fiel da vida e dos costumes de uma época) não presta para nada”. A resistência do autor à corrente literária que predominava na época, e à qual ele próprio é muitas vezes ligado, se manifesta não só em “O alienista” como também no seu livro mais famoso, “Memórias póstumas de Brás Cubas”, publicado igualmente em 1881.