Vai ter comida para todo mundo?

Sabia que 1,6 bilhão de tonelada de alimentos vai para o lixo todos os anos? Livro explica como o consumo alimentar mais responsável e racional pode salvar o planeta

“O que você coloca no prato pode mudar o planeta”, diz o subtítulo do livro infantojuvenil “O que vai ter para comer?”, de Ariela Doctors e Maísa Zakzuk, lançado pela Panda Books. Escrita leve, ilustrações de bom gosto e gráficos bem pensados são alguns dos caminhos utilizados pela dupla para levar aos mais jovens o alerta sobre a necessidade de um consumo mais responsável e racional.

Alerta este que é endossado por um arsenal de números e curiosidades baseados em estudos e pesquisas brasileiros e estrangeiros que ajudam a dimensionar os nossos exageros e o risco ao qual estamos expostos se este cenário não mudar. Todas as informações estão bem contextualizadas no livro. Primeiro as autoras fazem um breve passeio pela história da comida ao narrar o processo evolutivo que atravessa a era dos caçadores, a descoberta do fogo e o início da agricultura, dentre outros marcos históricos. Na sequência, se aprofundando nos tempos atuais, a obra explica
todo o processo que leva o alimento até a mesa dos brasileiros, do plantio até as prateleiras dos supermercados.

1. A produção agrícola é responsável por 70% do consumo de água no Brasil. São 15.500 litros de água (ou um ano inteiro de banhos de 5 minutos) para cada quilo de carne de boi que chega ao supermercado.

2. Existem aproximadamente 350 mil espécies de sementes. Os seres humanos, no entanto, não aproveitam sequer 1% dessa variedade, priorizando a alimentação básica com arroz, milho, trigo, batata e soja.

3. Segundo a organização inglesa Friends of The Earth (Amigos da Terra), 19.307 hectares de terra do Brasil são utilizados para cultivar a soja que serve de alimento para os porcos criados na Irlanda do Norte. A área equivale a 24 mil campos de futebol.

4. Enquanto os bois vivem em média dois anos antes do abate, porcos e frangos são abatidos bem mais jovens, com uma idade que varia de 28 a 45 dias.

5. Atualmente, cerca de 820 milhões de pessoas ao redor do mundo enfrentam o drama de não ter o que comer. A produção de alimentos, no entanto, é suficiente, em número, para alimentar todas as 7,8 bilhões de pessoas que vivem no planeta.

6. No Brasil, cada família desperdiça, em média, 128 quilos de comida por ano. Expandindo o olhar para o desperdício no mundo, observamos que 1,6 bilhão de tonelada de alimentos vai para o lixo todos os anos.

7. 54% do desperdício de comida está concentrado nos períodos de produção, pós-colheita e armazenagem. Os outros 46%, no processamento, distribuição e consumo.

8. 80% das embalagens de alimentos são descartadas depois da primeira utilização. Uma caixa de pizza leva seis meses para se decompor. O vidro, 4 mil anos.

9. A cada 50 quilos de papel reciclado, uma árvore é salva.

10. 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros vêm da agricultura familiar – ou seja, de pequenas propriedades mantidas por trabalhadores que guardam laços familiares.

11. Cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo inteiro já comeram insetos. São 1.900 espécies catalogadas dentre as já consumidas – embora apenas 1.400 sejam consideradas comestíveis. Nos Estados Unidos, existem cada vez mais fazendas de criação de grilos (vendidos secos ou em pó após oito semanas de vida). No Brasil, farinha de grilo, barrinha de besouros e chocolate com formiga são alguns dos itens no cardápio.

12. Hortas, fazendas e jardins verticais – instalados em paredes ou armários dentro de espaços urbanos – consomem 95% menos água que as plantações a céu aberto.

13. Existem 40 mil variedades de feijão e 100 mil variedades de arroz no mundo. No entanto, dentre todas elas, apenas 8 mil são comestíveis.

14. Se o ritmo atual de consumo da humanidade não mudar, o planeta Terra precisará, em 2050, de 40% mais água, 50% mais energia e 60% mais comida.

15. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) reúne 350 mil famílias brasileiras em busca de terras para morar e produzir em 24 estados nas cinco regiões do Brasil. “O que vai ter para comer? – O que você coloca no prato pode mudar o planeta”, de Ariela Doctors e Maísa Zakzuk, foi contemplado com uma bolsa do ProAC (Programa de Ação Cultural), o projeto do governo do estado de São Paulo que concede patrocínios e incentivos fiscais para projetos que ajudam a difundir a produção artística no Estado.

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