O alfabeto de A a Z

Lançamento da Panda Books auxilia no processo de alfabetização a partir da identificação de palavras conhecidas

A escritora Silvana Salerno lembra bem do fascínio que sentiu quando percebeu que era capaz de ler outdoors. Para encurtar os caminhos que levarão as crianças de hoje a esse momento especial, ela escreveu “Os amigos no alfabeto”, livro lançado pela Panda Books e que traz ilustrações de Fran Junqueira.

O processo se desenvolve primeiro por meio dos objetos, das coisas, das palavras que estão no vocabulário de todos os dias; depois, pelos nomes que estão na lista de chamada da escola ou em algum contato nas redes sociais; e por último, com as ilustrações que ajudam na missão de associar o objeto que se vê à palavra que se escreve.

Veja curiosidades de algumas das palavras que são apresentadas no livro de Silvana:

“A” de açaí: a fruta conhecida por ser símbolo de energia foi batizada a partir do tupi “iwasa’i”, que significa “fruto que chora”.

“B” de batatinha: a sequência “batatinha quando nasce”, que hoje abre uma das quadras de versos mais famosas da cultura popular brasileira, foi registrada pela primeira vez em 1883 no livro “Cantos populares do Brasil”, de Silvio Romero. Na época, a estrofe dizia: “batatinha quando nasce / deixa a raiz no chão / menina quando se deita / bota a mão no coração”.

 

“C” de casinha: uma das particularidades da Língua Portuguesa é a demarcação dos diminutivos por meio dos sufixos, sobretudo o sufixo “inho” ou “inha”, e não de uma outra palavra. Em inglês, por exemplo, uma casa pequena é uma “little house”. Na língua portuguesa, uma casa pequena é uma “casinha”.

“D” de dragão: seres mitológicos que fascinam as crianças, os dragões foram batizados a partir do grego “drakon” e do latim “draconem”.

“E” de escorpião: existem cerca de 160 espécies diferentes de escorpiões vivendo no Brasil; o nome do animal vem do grego “skorpios”.

“F” de futebol: quando o esporte mais popular do mundo ainda engatinhava aqui no Brasil, muitos se incomodavam com o excesso de expressões em inglês – a começar pelo próprio nome que é uma fusão de “foot” (pé) e “ball” (bola). Então, a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro abriu um debate para buscar um batismo 100% brasileiro para essa prática: “pebóla”, “peból” e “balípodo” (do grego “bali”, lançar, e “podos”, pé) foram alguns dos nomes que foram propostos, mas não vingaram.

“G” de guaraná: os descobridores do guaraná foram os índios sateré-mawé, que vivem na Amazônia; eles cultuam uma lenda segundo a qual o fruto teria surgido a partir dos olhos enterrados de Kahuê (daí o aspecto semelhante a um olho humano), um jovem índio filho da bela Anhyã-Muasawê e vítima da maldade de uma serpente. “Guaraná” vem de “waraná”, que significa “árvore que sobe apoiada em outra”.

“H” de helicóptero: essa é mais uma palavra herdada dos gregos; neste caso, uma junção de “héliks” (espiral) e “pterón” (asa).

“I” de ioiô: a origem do brinquedo é incerta, mas a origem da palavra é conhecida: ela foi importada do filipino e quer dizer “volte aqui”.

“J” de jacaré: no livro, a palavra “jacaré” aparece aplicada à frase “ficam longe da jiboia, mas gostam de pegar jacaré”. É uma gíria pra quem gosta de surfar: “pegar um jacaré” é encarar uma onda com o peito para ser levado por ela até a praia.

“K” de kalimba: o instrumento formado por pequenas placas metálicas que emitem sons quando dedilhadas ecoa na África desde o ano 1.000 antes de Cristo; no Brasil, chegou com africanos escravizados no século XVII e já no século seguinte foi retratado pelo pintor Jean-Baptiste Debret.

“L” de leopardo: etimologicamente falando, a palavra “leopardo” é uma fusão de duas expressões em latim: “leo” (leão ou grande felino); “pardus” (pantera). Era assim, como uma mistura dos dois animais, que o leopardo era visto na Idade Média.

“M” de mãe: apesar dos registros de alguns festejos para as mães na Grécia e também durante a Idade Média na Europa, o Dia das Mães foi comemorado pela primeira vez nos Estados Unidos em 1914, quando também ficou estabelecido que a comemoração aconteceria no segundo domingo de maio. No Brasil, os primeiros registros são de 1918, mas a data só acabou oficializada em 1932 durante o governo de Getúlio Vargas.

“N” de Natal: a primeira celebração do Natal de que se tem notícia aconteceu em 336 na cidade de Roma. Em 350, por influência do Papa Júlio I, foi instituído o 25 de dezembro como data da comemoração. A partir do imperador Justiniano, o Natal tornou-se feriado em 529.

“O” de ornitorrinco: embora seja um mamífero, o “ornitorrinco” foi batizado como um animal “com bico de ave” a partir da junção das expressões do grego antigo “ornitho” (ave) e “rhynchus” (bico).

“P” de paçoca: foi o engenheiro e historiador Teodoro Sampaio quem revelou que a palavra “paçoca” vem do tupi “poçoca” (esmigalhar à mão).

“Q” de queimada: o jogo de queimada, aquele em que os times arremessam a bola de um lado a outro para eliminar os adversários atingidos, tem pelo menos outros dez nomes Brasil afora: baleado, barra-bola, bola queimada, caçador, carimba, carimbada, cemitério, mata-mata, mata-soldado e matada.

“R” de rolimã: “carrinho de rolimã” é um aportuguesamento da expressão francesa “roulement”, criada para definir este pequeno carro de madeira e rodas de aço.

“S” de sorvete: a primeira sorveteria do Brasil foi inaugurada em 1835 por uma dupla norte-americana que aproveitou parte de um carregamento de 270 toneladas de gelo que chegou em um navio vindo dos Estados Unidos.

“T” de telefone: o primeiro grande entusiasta do telefone no Brasil foi o então imperador Dom Pedro II; ele foi um dos poucos a se empolgar com a invenção do escocês Alexander Graham Bell, apresentada na Filadélfia, Estados Unidos, em 1876. Já no ano seguinte o Brasil se tornou o segundo país do mundo a ter um telefone.

“U” de uirapuru: o canto deste pássaro inspirou e batizou uma das mais famosas sinfonias de Heitor Villa-Lobos: o trabalho de composição começou em 1917 e terminou apenas em 1934.

“V” de violão: “violão” vem do italiano “violone”, um aumentativo de “viola”. O primeiro violão de seis cordas chegou ao Brasil no início do século XIX: um dos pioneiros, foi justamente o italiano Bartolomeu Bortolazzi, que em 1826 já anunciava nos jornais o seu trabalho como professor de violão.

“W” de wi-fi: está confirmado desde 2005 pelo próprio Phil Belanger, um dos membros fundadores da Wi-Fi Alliance, o grupo que de empresas que criou a tecnologia do wi-fi: a palavra não tem significado absolutamente nenhum. Ela foi criada por marqueteiros para substituir o tecnicista “IEEE 802.11 b Direct Sequence”,
que era o termo técnico pra definir a tecnologia.

“X” de xaxado: a dança típica do Nordeste nasceu em Serra Talhada, no interior de Pernambuco, como uma provocação dos cangaceiros do bando de Lampião aos adversários derrotados.

“Y” de yin-yang: a contraposição entre “yin” (a noite) e “yang” (o sol) é um dos conceitos mais fortes da cultura chinesa e valoriza o equilíbrio entre as forças antagônicas da natureza.

“Z” de zabumba: indispensável nas festas folclóricas nordestinas, a zabumba é uma das heranças do período de colonização portuguesa no Brasil; no Maranhão, anualmente é celebrado o Festival do Bumba-Meu-Boi de Zabumba. Os bois e grupos locais carregam a tradição do sotaque de zabumba, que, além de ser marcado pela
produção artesanal das zabumbas, traz também uma mistura com outros instrumentos de percussão, como o tambor-de-fogo e o tamborinho.

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