25 anos em 25 histórias | 1-5

Dia 23 de setembro, a Panda Books comemora 25 anos! E para celebrar nosso aniversário, traremos histórias desse período. Nesses 25 anos, a editora já publicou 690 títulos. Sabe qual foi o número 1? Os Endereços Curiosos de São Paulo, escrito pelo jornalista Marcelo Duarte, um dos fundadores da empresa.

O livro inovou por trazer endereços secretos, curiosos e surpreendentes, que jamais entraram em outros guias da cidade. O sucesso foi tão grande que Endereços Curiosos acabou se transformando numa coleção com outros 14 volumes. Veja como a chegada desse livro da gráfica influenciou diretamente a data de comemoração de nosso aniversário.


Durante seus primeiros anos, o nome da Panda Books ficou associado a livros de esportes. Nosso segundo lançamento foi Os arquivos da Fórmula 1 (1999), do jornalista gaúcho Lemyr Martins. Pouco depois, às vésperas das Olimpíadas de Sydney, de 2000, lançamos Os arquivos das Olimpíadas, de Maurício Cardoso.

Esses livros foram importantes para tornar a Panda Books naquilo que desejávamos ser desde o começo: uma editora voltada para livros de referência em diferentes temas. Fomos responsáveis por criar alguns novos formatos, como a coleção O dia em que me tornei… (2008), Escudos dos times do mundo inteiro (2006), A história das camisas dos 12 maiores times do Brasil (2009) e as Bíblias do futebol (2010).

 

O livro dos segundos socorros é um de nossos maiores orgulhos. Ele foi fruto de uma incrível parceria com o grupo Doutores da Alegria, criado pelo ator Wellington Nogueira em 1991 e formado por palhaços que visitam crianças hospitalizadas, levando carinho, esperança e humor nos hospitais. Ficar doente não é nada engraçado, mas, mesmo nessa condição, crianças não deixam de ser crianças. Todas elas continuam querendo brincar. O livro dos segundos socorros teve o apoio da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, que doou 5 mil exemplares para crianças em hospitais.


Ao entrar numa livraria em São Francisco, nos Estados Unidos, o editor Marcelo Duarte se encantou com um livro chamado It’s okay to be different, do californiano Todd Parr. Comprou um exemplar e deu de presente para a filha de 6 anos. A menina se apaixonou tanto pelo livro que Marcelo pensou: “Esse livro precisa ser publicado também no Brasil”. Escreveu para Todd no e-mail que estava na orelha da obra e a resposta veio bastante rápida. Negócio fechado!

Em 2002, a Panda lançou Tudo bem ser diferente. Nasceu aí uma grande parceria: hoje, 22 anos depois, Todd Parr já tem 21 livros editados no Brasil, todos com absoluto sucesso. Doze anos depois, em 2014, Todd Parr veio visitar o Brasil pela primeira vez. Participou de eventos literários em São Paulo (Bienal do Livro, Colégio Marupiara, Casa de Livros e Céu Caminho do Mar), Brasília (Escola Americana de Brasília) e Pirenópolis-GO (6ª Festa Literária de Pirenópolis), Em Pirenópolis, por sinal, ele foi laureado com a chave da cidade. Seus livros já apareceram em diversas novelas da Rede Globo, como Sete Vidas, escrita por Lícia Manzo.


Por que a cor oficial da Panda Books é laranja? Porque é a cor da capa do primeiro O guia dos curiosos, de Marcelo Duarte, um dos fundadores da editora.

Lançada inicialmente pela Companhia das Letras, em 1995, a coleção O guia dos curiosos começou a migrar para a Panda em 2003. Os livros ganharam um novo projeto gráfico, assinado por Mariana Bernd, e uma nova logomarca. O primeiro O guia dos curiosos inédito editado pela Panda foi o de Língua Portuguesa. Enfim, em 2005, o primogênito laranjinha aterrissou aqui.

Uma nova mudança aconteceu em 2021. O guia dos curiosos: edição fora-de-série, décimo título da coleção, recebeu um novo “banho de loja”: é o primeiro colorido, com mais ilustrações e infográficos, num projeto assinado pelo estúdio Casa Rex.

“Educação especial” e a educação de qualidade para todos

Educação especial: como tornar uma escola inclusiva narra a experiência de Renata Pereira Batista como gestora do Colégio Educar Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. A escola nasceu em 2007 e, desde sua fundação, tem o compromisso de acolher os alunos, respeitando suas singularidades.

No livro, Renata aborda todo o processo de construção dessa filosofia de ensino, a começar pela formação da equipe de professores, orientadores e coordenadores. Fundamental também é a parceria com as famílias e com a equipe multidisciplinar, que atende as crianças, como médicos, psicólogos e terapeutas.

O convite, porém, é para pensar a educação inclusiva de maneira permanente e com isso estabelecer um pacto em busca do “melhor possível” que se possa alcançar.


RENATA PEREIRA BATISTA é graduada em magistério e pedagogia, com especialização em direção de escolas e educação inclusiva pela PUC-SP. Em 2007 ela fundou o Colégio Educar Guarulhos, inaugurado sobre as bases da educação inclusiva. O interesse pelo tema, além de ser coerente com a função de educadora, também tem um fundamento familiar: Renata tem uma irmã, Roberta, que demanda muitos cuidados específicos em função de uma hidrocefalia. Mesmo com tanta bagagem teórica e prática e com um projeto já consolidado em Guarulhos, Renata continua apostando na formação continuada como ferramenta para a gestão escolar.

Uma história sobre família, crescimento, amadurecimento e generosidade | “O que acontece quando a gente cresce?”

O que acontece quando a gente cresce?, de Manuel Filho, narra a história de Guilhermina, uma garotinha que vivia entre as linhas e os retalhos que sobravam das costuras de vovó Marlene. As mágicas mãos de sua avó transformavam tecidos em sonhos, e o que a menina mais queria era ter um vestido para o Baile das Flores.

No entanto, ela terá de esperar alguns anos até alcançar a idade certa para participar da festa. Durante esse tempo, tudo muda. A vovó falece, mas deixa um lindo vestido para a neta usar no baile. Para surpresa geral, o vestido não serve em Guilhermina. O que ela irá fazer?

Ilustrado por Vanessa Prezoto, com desenhos ricos em detalhes e texturas, o livroaborda temas como as relações familiares, a morte, o crescimento e o amadurecimento das crianças. Depois de experimentar os sentimentos de raiva e frustração, a personagem irá compreender o significado do  passar do tempo, das mudanças impostas pela vida, e o poder da generosidade e da alteridade.


 

MANUEL FILHO é um escritor que transforma palavras em mundos mágicos para crianças e jovens leitores. Conquistou o Prêmio Jabuti em 2008 com a obra No coração da Amazônia e publicou mais de sessenta livros, incluindo a inédita união das turmas da Mônica e do Menino Maluquinho. Finalista do Prêmio Açorianos de Literatura em 2013, Manuel lançou pela Panda Books A roda da vida, Meu avô português, Tinha que ser comigo?, Vovô não gosta de gelatina e Meu pequeno botão de rosa.

 

VANESSA PREZOTO é ilustradora e designer graduada em desenho industrial/programação visual pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Atuou como designer gráfica e diretora de arte em agências de propaganda, estúdios de design e editora de revistas. Em 2022 foi finalista do Prêmio Jabuti, além de ter outros títulos contemplados com os selos Cátedra Unesco, da PUC-Rio, e Altamente Recomendável, da FNLIJ.

Um lápis e um rabisco especial | Conheça “Im-perfeito”

Era uma vez um rabisco muito tímido, que vivia na ponta de um lápis… Na verdade, ele não queria existir tal como era. Comparava-se com círculos perfeitos e quadrados impecáveis e não aceitava sua imperfeição. Tinha medo de errar e de ser apagado. O lápis que o carregava não conseguia colocá-lo no papel. O tempo passava, o lápis ia sendo apontado, diminuía… E nada de o rabisco sair! Não aceitava se concretizar e existir.

Em Im-perfeito, este conto muito criativo da escritora e ilustradora espanhola Zuriñe Aguirre, o leitor poderá refletir sobre o quanto podemos deixar de fazer coisas e de ser o que somos por medo de errar ou por um ideal de perfeição. Mas será que não somos perfeitos justamente por estarmos sempre mergulhados em imperfeição? E o que é ser perfeito?

Zuriñe Aguirre nasceu na Espanha, em 1976. É ilustradora, pintora e autora de literatura infantil e juvenil. Em sua carreira, publicou 25 livros ilustrados com editoras de diferentes países. Sua obra foi traduzida para Brasil, Chile, Colômbia e Coreia do Sul, entre outros países.


ZURIÑE AGUIRRE nasceu na Espanha, em 1976. É ilustradora, pintora e autora de literatura infantil e juvenil. Atualmente reside em Sevilha. Em sua carreira, publicou 25 livros ilustrados com editoras de diferentes países. Sua obra foi traduzida para Brasil, Chile, Colômbia e Coreia do Sul, entre outros países. Sobre seu trabalho como ilustradora, Zuriñe afirma gostar de utilizar luzes e sombras, bem como cores que transmitem alegria e serenidade. Para conhecer um pouco mais de seu percurso, visite: https://www.zuaguirre.es/

Panda Books confirmada na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo

A Panda Books celebra 25 anos de vida em 2024. Para comemorar esse quarto de século, estaremos presentes na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

O evento acontecerá entre os dias 6 e 15 de setembro no novo Distrito Anhembi.

Fundada em 1999, a Panda Books surgiu para ser uma editora irreverente, com um catálogo de livros que aliassem informação e diversão. Os primeiros lançamentos traziam almanaques, biografias e a clássica coleção do Guia dos Curiosos.

Ao longo dos anos, a editora ampliou o catálogo e investiu em literatura para crianças e jovens. Na área de literatura adulta, a Panda Books se destacou com obras de jornalismo investigativo, contos e crônicas de autores contemporâneos, clássicos da literatura e romances para o público feminino. A diversidade, a curiosidade e a irreverência são as marcas de nossas publicações.

Esperamos vocês em setembro para festejar!

“Darci, você está aí?”: Uma amizade improvável

“Darci, você está aí?” Essa é a pergunta que a personagem faz todo dia antes de entrar em casa. Afinal, um serzinho sapeca resolveu se mudar para lá, causando muito medo na moradora. Dar nome a ele foi o recurso que a moça encontrou para aliviar a tensão dessa relação.

E é a própria Darci quem narra suas aventuras e peripécias, em rimas que brincam com situações bem comuns na vida dos humanos. Em sua biografia ao final do livro (sim, afinal, ela é a autora do texto!), Darci revela ter conhecido muitos exemplares da espécie humana, se surpreendido sobre como eles têm medo de animais tão pequenos quanto ela e se sentido esperançosa de que um dia eles compreendam a importância delas para o planeta.

Será que o momento de Darci ser reconhecida chegou? O final surpreendente dessa história renderá boas risadas aos leitores.

Garanta já o livro!


 

CARMEN LUCIA CAMPOS é uma escritora nascida em São Paulo que tem as histórias como parte do seu cotidiano desde a infância, enquanto ainda ouvia os causos de sua avó. Estudou letras e, além de autora, atuou como editora de livros juvenis, na clássica Coleção Vaga-Lume. Tem mais de trinta livros publicados, entre eles A bisa fala cada coisa, As cores de Corina, Um é pouco?, Meu avô africano e Moleque, todos pela Panda Books.

 

MARCELLO ARAUJO nasceu no Rio de Janeiro em 1961. Começou a desenhar na adolescência e nunca mais parou. É graduado em arquitetura e urbanismo pela UFRJe mestre em comunicação visual pelo Pratt Institute, de Nova York. Além de ilustrador e escritor de livros infantis, tem um estúdio que presta serviços editoriais para editoras do Brasil e do exterior.

Homenagem aos 50 anos da Vaga-Lume: um roubo, um mistério, muitas aventuras

“Detetive Vaga-Lume e o misterioso caso do Escaravelho“, escrito por Marcelo Duarte, é uma grande homenagem à coleção juvenil, que recém-completou 50 anos. O livro tem o mesmo tipo de aventura e suspense que viraram marca registrada da coleção, que formou gerações de leitores por todo o país.

Em “Detetive Vaga-Lume“, o valioso cetro do xeque Tarum é roubado às vésperas da inauguração do resort de Nikolaos Kárabos. Para solucionar o caso, o empresário contrata o desconhecido detetive Vaga-Lume. Mais um complicador: naquele final de semana, Vaga-Lume está cuidando do filho adolescente, Leandro. Existe só uma pista: um bilhete enigmático assinado por “Escaravelho”. Enquanto o detetive interroga suspeitos, Leandro e uma nova amiga, Mazé, iniciam uma investigação paralela. Quem conseguirá desvendar o mistério primeiro: o detetive, as crianças ou você?

O livro vem acompanhado do “Suplemento de Homenagens” – uma versão nostálgica do “Suplemento de Trabalho”, criado pela cinquentenária Coleção Vaga-Lume. O encarte explica todos os easter eggs e referências a livros e autores da série criada pela Editora Ática que estão escondidas no texto. Um suspense para você ler e se emocionar!


 

Marcelo Duarte é jornalista e escritor. Apaixonado por narrativas, descobriu o poder dos livros ainda na adolescência, quando leu os primeiros títulos da consagrada série Vaga-Lume, publicada pela editora Ática. Desde então alimentou o desejo de ser autor dessa e de outras coleções. O sonho se concretizou em muitas páginas: publicou cinco títulos pela Vaga-Lume e criou a própria editora para contar mais histórias, como o Detetive Vaga-Lume e o misterioso caso do Escaravelho, uma homenagem à coleção que o inspirou e que até hoje é referência para jovens leitores.

“Uma estrela chamada Senna” – 30 anos da morte de Ayrton Senna

Quem olhar o céu do hemisfério Norte poderá ver Ayrton Senna em forma de estrela, brilhante e eterno como os astros. No catálogo internacional de astronomia, Senna transformou-se na estrela 5 2942-1502, que a International Star Registry foi buscar na galáxia para presentear a família do grande piloto. Um ponto luminoso no firmamento que materializou a metáfora cunhada por aqueles que, como nós, viram em Ayrton Senna uma luz própria, que agora resplandece num pódio onde nenhum outro astro da constelação da Fórmula 1 conseguiu chegar.

“Uma estrela chamada Senna” é escrito pelo jornalista Lemyr Martins, que acompanhou toda a carreira do piloto Ayrton Senna, desde sua estreia no kart, em 1973. Lemyr tornou-se até confidente do brasileiro quando ele morava na Europa.

Nos formatos e-book e audiolivro, “Uma estrela chamada Senna” traz os bastidores dos 161 Grandes Prêmios disputados por ele, as negociações com as escuderias e detalhes da vida pessoal do piloto. Trata-se do mais completo livro sobre a carreira e a vida do tricampeão da Fórmula 1.

E agora em 2024, ano em que fãs do mundo inteiro lembrarão dos trinta anos da trágica morte de nossa estrela, a Panda Books relança este best-seller!

http://pandabooks.com.br/esportes/biografia/uma-estrela-chamada-senna

Além disso, até dia 01/05/2024, estamos promovendo um concurso cultural para você contar sua melhor história com Ayrton Senna.

Os cinco melhores relatos serão premiados com a versão em audiolivro de “Uma estrela chamada Senna”, disponível na plataforma Audible.

Saiba mais e participe do concurso:

http://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdZFiq3Ez8nlMKue40yESqW7G3AZ_l7eRA8eqq0yi2aBLY9Mg/viewform?pli=1&pli=1l

O resultado será divulgado no dia 05/05/2024, em nosso Instagram.

*As cinco histórias serão avaliadas e escolhidas pelos profissionais da editora. É vedada a participação de funcionários da editora, assim como de seus cônjuges e parentes.

Todas as mulheres de José de Alencar

Escritor cearense marcou seu nome na literatura brasileira com romances que colocaram a personalidade forte de suas protagonistas em destaque

Lucíola”, lançamento da Panda Books na série “Clássicos da Língua Portuguesa”, não é a única obra de José de Alencar (1829-1877) a trazer no nome uma figura feminina. Também não é o único título a apostar na personalidade forte e envolvente de uma protagonista feminina para desenvolver um romance capaz de prender a atenção do leitor.

Na verdade, o escritor cearense desenvolveu uma espécie de trilogia de perfis femininos que compõem o que se pode chamar de “mulheres alencarianas”. As histórias não estão ligadas do ponto de vista narrativo e tampouco são uma continuação uma da outra, mas podem ser interpretadas como partes de uma triologia pelas semelhanças na estrutura do romance – são mulheres fortes, de personalidade, que retratam o tempo em que viveram (e no qual Alencar viveu e escreveu) e que têm uma visão mais avançada dos costumes.

Lucíola”, o primeiro deles, por exemplo, saiu em 1862, num Brasil já independente e ainda não republicano; em tempos pré-iluministas de uma moral extremamente rígida sobretudo para as mulheres. Só que, ao mesmo tempo, com a memória ainda fresca de um dos grandes sucessos do escritor francês Alexandre Dumas: “A dama das camélias”, lançado em 1848. São muitas as semelhanças entre o clássico europeu e a trajetória da menina Maria da Glória. Ao ser expulsa de casa, ele se tornou Lúcia, uma cortesã – igual à Camille de Dumas (eram chamadas de “cortesãs” as prostitutas que atendiam clientes ricos).

Lucíola vive os seus conflitos internos e a repulsa pela própria vida de devassidão, enquanto encanta um jovem pernambucano chamado Paulo, que se apaixona pela pureza daquela mulher.

Dois anos depois, José de Alencar lançou “Diva”. Não era de forma alguma uma continuação, mas hoje em dia talvez pudesse até ser considerado um spin-off porque traz de volta a figura de Paulo. A diferença é que ele deixa de ser um protagonista para ser tão somente uma testemunha dos encantos de seu amigo, o médico Augusto Amaral, pela jovem Emília – a “diva” da história.

Dessa forma, se quisermos analisar as duas obras em conjunto, temos dois homens semelhantes no comportamento e na forma de ver o mundo profundamente encantados por mulheres totalmente diferentes. A Emília de “Diva” não admite ser tocada e demora até se abrir para o amor ou mesmo para qualquer ação que escape de sua própria rigidez moral.

Em seus romances urbanos que flertaram com o realismo de Machado de Assis, Alencar conseguiu, em um intervalo de dois anos, surpreender ao sair dos supostos pecados cotidianos de Lúcia para o pudor indestrutível de Emília.

O tempo passou. O escritor cearense experimentou novos caminhos e alcançou com outra mulher – Iracema, a virgem dos lábios de mel, a representante da força dos povos originários brasileiros – o seu maior sucesso.

Já no fim da vida, Alencar voltou a explorar um romance urbano com protagonista feminina que, pelas semelhanças, fecha essa trilogia. “Senhora” foi publicado em 1875 para arrematar toda a reflexão do autor sobre os embates entre o amor e o interesse. Apresenta, em Aurélia Camargo, uma mulher forte e decidida, que poderia simplesmente aceitar a humilhação de ter sido preterida pelo seu grande amor, Fernando, mais preocupado em arranjar um casamento com uma mulher rica. Acontece que ela própria se torna essa mulher, que pode comprar Fernando para estabelecer uma relação de poder diferente daquela que os romances mais tradicionais idealizavam para as mulheres. É, de certa forma, um retrato também de um Brasil com mulheres mais alfabetizadas e letradas, que tiveram seus novos anseios desvendados por autores como Alencar.

Apesar de originalmente não terem ligação direta, as três obras são naturalmente associadas. Tanto que, em 2005, a TV Record colocou no ar a novela “Essas Mulheres”. O autor Marcílio Moraes aproveitou o fato de as três protagonistas viverem na mesma época e criou uma história na qual elas viraram amigas que viveram cada uma o seu romance. Christine Fernandes foi a “Senhora” Aurélia Camargo; Miriam Freeland, a “Diva” Emília Duarte; e Carla Cabral, a Lúcia – ou “Lucíola”, que a Panda Books apresenta em nova edição da coleção “Clássicos da Língua Portuguesa”.

10 curiosidades sobre “Marília de Dirceu”

Livro do português Tomás Antônio de Gonzaga é novo lançamento da série “Os clássicos” da Panda Books

Novo volume da série “Clássicos da Língua Portuguesa”, da Panda Books, o livro “Marília de Dirceu” tem mais de 200 anos e continua sendo presença constante nas listas de obras obrigatórias para os principais vestibulares do Brasil. Já está, inclusive, no caminho dos estudantes que irão prestar a Fuvest este ano.

Essa presença por si só marca a relevância e a força da obra, que mistura uma bela história de amor e os desabafos de um escritor talentoso, castigado por tentar mudar os rumos da política de um Brasil ainda preso às mãos de Portugal. Isso sem falar na estética própria do movimento conhecido como arcadismo, um dos primeiros “filhos” do iluminismo europeu.

1. Tomás Antônio de Gonzaga nasceu em Portugal em 1744. Filho de pai brasileiro, viveu entre os dois países e, na infância, morou no Recife e em Salvador, antes de voltar para Portugal para fazer faculdade em Coimbra. Ele já escrevia poemas por lá, mas foi quando voltou ao Brasil para trabalhar como magistrado em Vila Rica – hoje Ouro Preto – que a carreira de escritor decolou.

2. Além de poeta, Tomás participou ativamente da vida política mineira e brasileira. Ele foi um dos membros do movimento conhecido como Inconfidência Mineira, que tentava libertar Minas Gerais e o Brasil dos abusos da Coroa Portuguesa. Acabou preso e levado para a Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Condenado, seguiu para um exílio forçado em Moçambique, onde se casou, teve dois filhos e morreu em 1810.

3. “Marília de Dirceu” é um livro estruturado em liras. O gênero literário lírico tem o seu batismo inspirado no instrumento musical “lira”, que na Grécia Antiga acompanhava os poetas em uma época na qual os poemas eram todos cantados, e não apenas declamados ou escritos. Foi a partir do século XV que as poesias, ou liras, deixaram de ser cantadas para serem apenas faladas ou escritas.

4. “Marília de Dirceu” foi publicado em um intervalo de vinte anos. A primeira parte, dividida em 33 liras, saiu em 1792; a segunda, com 38 liras, foi impressa em 1799; a parte final, com nove liras e mais treze sonetos (poema dividido em duas estrofes de quatro versos e mais duas estrofes de três versos) só foi revelada em 1812, dois anos depois da morte de Tomás Antônio de Gonzaga.

5. Embora isso não seja dito de maneira explícita, “Marília de Dirceu” revela em grande parte uma história pessoal de amor de Tomás Antônio de Gonzaga. Quando chegou ao Brasil, para trabalhar em Vila Rica como magistrado, ele conheceu Maria Doroteia Joaquina de Seixas e se apaixonou enlouquecidamente. Ela era muito mais jovem e muito mais rica. Mesmo assim, formou-se ali um casal. Antes mesmo do casamento, Tomás foi preso. Também militante da emancipação do Brasil, Maria escapou da prisão, mas nunca mais pôde viver ao lado do então noivo.

6. Dessa forma, a primeira parte do livro traz liras que versam sobre o amor de Dirceu (que seria um alter ego de Tomás) por Marília (personagem potencialmente inspirada em Maria) e também o amor de Marília por Dirceu; a segunda parte já fala sobre o desencontro e a saudade. A terceira parte reúne poemas escritos antes de Dirceu conhecer Marília.

7. Apesar da semelhança com os amores da vida real, o livro de Tomás Antônio de Gonzaga é ambientado no interior de Portugal. Dirceu e Marília são pastores de ovelhas e cultivam um amor que adota essa paisagem simples como um elemento importante para que esse amor floresça. Não há objetivo maior que viver ali, juntos, até o fim da vida.

8. A obra é uma das principais expoentes do arcadismo no Brasil. Esse movimento literário surgiu na Europa no século XVIII no vácuo das ideias do iluminismo. Valorizava as paisagens naturais, bucólicas e rurais, e o resgate de temáticas, ideias e referências da Antiguidade Clássica. Já no começo de “Marília de Dirceu”, o autor mostra um vasto repertório de deuses gregos, dentre outros elementos da Grécia Antiga, para que Dirceu se declare para Marília. A propósito, a “Arcádia” era uma província da Grécia Antiga e se tornou uma espécie de paraíso, um ideal para poetas e artistas que acreditavam na relação direta entre a felicidade e a vida em contato com a natureza.

9. O livro “Marília de Dirceu” inspirou o batismo da cidade de Marília, que fica 438 quilômetros a noroeste de São Paulo. O fundador da cidade, Bento de Abreu Sampaio Vidal, tinha lido o livro em uma viagem para a Europa e resolveu nomear o município paulista com uma homenagem à protagonista.

10. Em 1967, os Correios lançaram uma série de seis selos comemorativos em homenagem a grandes mulheres brasileiras. Em meio a heroínas da vida real como Madre Joana Angélica, Rita Lobato, Ana Neri, Darcy Vargas e Anita Garibaldi, havia um selo para uma personagem da ficção: Marília de Dirceu. O selo de 2 centavos foi lançado em 11 de agosto de 1967. Em 1994, Marília de Dirceu voltou a estampar um selo por ocasião dos 250 anos de nascimento de Tomás Antônio Gonzaga, com ilustração da artista plástica Martha Poppe.